sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Desancar Dawkins – pag.42

Dawkins continua na dele que a religião é uma área intocável, que está acima do respeito que qualquer ser humano tem. Penso que é mais uma prova de que ele não compreende nada daquilo sobre o que está a discorrer.
A religião deve ser enxovalhada, e com isso todos temos de estar de acordo. Já no que toca à pessoa de Deus, a coisa passa-lhe ao lado. Ele não percebe que a melhor comparação não será enxovalhá-lo, a ele Dawkins, mas ao pai dele, ou à mulher, ou aos filhos. É esta incompreensão de coisas tão simples da vida humana que me leva a pensar que a percepção dele do mundo é simplesmente pobre e limitada, mesmo estando apenas na quadragésima segunda página do livro dele.

Desancar Dawkins – pag.38

O Richard analisa uma série de réplicas de pessoas religiosas, cristãos e judeus, ao texto de Einstein “I do not believe in a personal God”. Todas elas estão dispostas a comprometer a verdade em troca de alguma estabilidade e conforto espiritual. É o velho problema do Dawkins em escolher os piores exemplos que os religiosos têm para oferecer. Para isso, ele escolhe as opiniões a dedo, aquelas que “melhor exemplifiquem” as nossas fraquezas. («The president os a historical society in New Jersey wrote a letter that so damningly exposes the weakness of the religious mind, it is worth reading twice:»). O argumento dele é que são esses que as massas estãos dispostas a ouvir, e não querem saber nada dos teólogos importantes.
Ele escolhe. Eu desafiava-o a interrogar alunos e professores ao calhas do campus da minha universidade. Aposto dinheiro em como 8 em cada 10 dariam respostas tão estúpidas, obtusas, ignorantes e incendiárias quanto ateias. 9 em cada 10 se o questionário incidisse sobre a zona do departamento de física, e 9,5 em cada 10 se no departamento de biologia.

Desancar Dawkins – pag.35

O Dawkins fala do conformismo do cientistas com o pensamento religioso, e da inibição em exprimir as suas verdadeiras convicções. E interpreta esta inibição sem grandes dúvidas.
«He came close to admitting it but shied at the last fence (…). When I pressed him, he said he found that Judaism provided a good discipline to help him structure his life a lead a good one»
Eu duvido que alguma vez Dawkins possa imaginar o que é um religioso pressionado – sejamos empíricos, científicos. Já eu, que cresci em família de crentes, facilmente me coloco na pele do animal encurralado. Mal nos mostram os dentes, estamos logo dispostos a ao menos mostrar alguma utilidade. Pergunto até se Dawkins alguma vez terá sentido vergonha de alguma coisa que lhes trespassasse as camadas de pele e o atravessasse até aos fundos da alma.

Desancar Dawkins – pag.33

Ele cita um excerto do Carl Sagan a dizer que o universo é maior do que o que os profetas diziam. Para isso, ele tem de achar que os profetas serviam também para medir o universo, e não apenas para acertar o passo ao povo rebelde, prever o futuro em visões um tanto ou quanto incompreensíveis e levar a cabo uns quantos milagres. É que os profetas podem fazer muitas coisas, mas “régua” é atributo que extravasa as suas competências.
O que salva Dawkins neste tipo de argumento é que ele não é daqueles que dizem que a religião até pode ser falsa mas faz bem ao mundo, ou que ciência e religião lidam com áreas separadas. Felizmente, ele anseia por coisas mais completas, holísticas, integrais. Eu, religioso, também.